Manaus, 15 de outubro de 2024

Ao menos 14 pessoas morreram, e 102 continuam desaparecidas, após a cheia em um lago glacial que provocou inundações no nordeste da Índia, onde prosseguem os trabalhos de resgate, informaram as autoridades locais nesta quinta-feira (5).

O balanço foi confirmado à AFP por Prabhakar Rai, diretor da agência de gestão de catástrofes do estado de Sikkim.

Vinte e dois soldados estão entre os desaparecidos.

As Forças Armadas tentam restabelecer as conexões telefônicas e transportar “ajuda médica aos turistas e moradores bloqueados”, afirma um comunicado do governo local.

A área afetada, em uma região montanhosa e remota do Himalaia, fica perto das fronteiras com Nepal e China.

A inundação foi provocada pela cheia do lago Lhonak, que fica na base de uma geleira nos picos nevados que cercam a Kangchenjunga, terceira maior montanha do mundo.

Uma torrente de água avançou rio abaixo, em um local que já estava em um momento de cheia, devido às monções, o que atingiu uma barragem e arrastou casas e pontes, provocando “grave destruição”, segundo um comunicado do governo.

As rodovias foram danificadas, e 14 pontes desabaram na região. O Exército informou que quatro distritos do estado foram atingidos.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou que as pessoas afetadas receberão “todo o apoio possível”.

O lago perdeu quase dois terços de seu tamanho devido à cheia, uma área equivalente a 150 campos de futebol, segundo imagens de satélite divulgadas pela Organização Indiana de Pesquisa Espacial.

As inundações e deslizamentos de terra são frequentes e devastadores na Índia, em particular durante a temporada de monções. Mas, em outubro, geralmente, as chuvas já chegaram ao fim.

– Catástrofes mais frequentes –

As inundações provocadas por cheias em lagos glaciais, muitas vezes acompanhadas por deslizamentos de rochas, ficaram mais frequentes devido ao aumento da temperatura global.

“Observamos que a frequência dos eventos extremos aumenta à medida que o clima continua esquentando e nos arrasta para um território desconhecido”, destacou Miriam Jackson, cientista especializada na análise das superfícies congeladas do Himalaia, em um comunicado do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD).

A temperatura média na superfície terrestre aumentou quase 1,2°C na comparação com o período pré-industrial, mas as regiões montanhosas registram um ritmo de aquecimento 10 vezes superior, segundo os cientistas.

Os especialistas afirmam que a mudança climática aumentou a intensidade das tempestades tropicais, com chuvas mais abundantes, responsáveis por inundações repentinas.

O derretimento das geleiras do Himalaia também aumenta o fluxo dos cursos de água, ao mesmo tempo que as construções que não respeitam as normas de segurança em áreas vulneráveis a inundações colocam em risco a população local.

Entre 2011 e 2020, as geleiras do Himalaia derreteram 65% mais rápido que na década anterior, segundo um relatório publicado em junho pelo ICIMOD.

Fonte: Agência Brasil