Manaus, 6 de novembro de 2024

O ex-deputado federal Jean Wyllys, atualmente filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), causou surpresa ao defender publicamente a candidatura da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), à Presidência da República nas eleições de 2026. Em uma entrevista ao canal Futeboteco no YouTube, Wyllys expressou a opinião de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria buscar a reeleição.

“Eu acho que era hora de o PT sair do protagonismo e vir para a retaguarda, se tornar coadjuvante, apostar no nome de Simone Tebet como cabeça de chapa”, declarou Wyllys. “Lula não deveria se candidatar em 2026. Já deu.”

Wyllys propôs uma chapa encabeçada por Tebet com Silvio Almeida, atual ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, como vice. Ele argumentou que esta combinação poderia representar melhor as forças do governo atual e permitir ao PT apoiar a candidatura sem a participação direta de Lula.

“Acho que a Simone, muito mais que a Marina [Silva], dialoga com mais setores. E a Simone integra o atual governo. Mas isso implicaria o PT largar o osso, e o PT não é um partido que largue o osso, lamentavelmente,” criticou Wyllys, ressaltando a necessidade de novas lideranças no cenário político.

Governo de Centro-Direita e Necessidade de Renovação

Durante a entrevista, Jean Wyllys classificou o atual governo de Lula como de “centro-direita” e expressou a consciência de que um eventual governo Tebet não alteraria substancialmente a correlação de forças políticas. No entanto, ele destacou a importância de apresentar uma candidatura feminina em 2026, acreditando que Tebet possui os atributos necessários para essa disputa.

Apesar das críticas, Wyllys reconheceu os avanços do governo Lula em comparação com o mandato de Jair Bolsonaro. “Comparado com o governo Bolsonaro, o governo Lula é um paraíso. Lula é um estadista respeitado no mundo inteiro e tem feito alianças internacionais importantes,” afirmou.

Histórico de Jean Wyllys e Simone Tebet

Jean Wyllys, que foi eleito deputado federal pelo PSOL em 2010 e reelegeu-se em 2014, decidiu não tomar posse em 2019, optando por um “autoexílio” após a vitória de Bolsonaro. Desde 2021, ele é filiado ao PT.

Simone Tebet, defendida por Wyllys como candidata à Presidência, ocupa o cargo de ministra do Planejamento e Orçamento no terceiro mandato de Lula. Em 2022, ela ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais com 4,16% dos votos, e no segundo turno apoiou Lula, contribuindo para sua vitória.

Repercussões e Desafios Internos

As declarações de Wyllys certamente geram debate dentro do PT e no cenário político mais amplo. A proposta de uma chapa Tebet-Almeida com apoio do PT, mas sem Lula como candidato, representa um desafio à estrutura tradicional de liderança do partido. Resta saber como estas sugestões serão recebidas pelos correligionários e pelo próprio Lula, cuja popularidade e influência são centrais no partido.

Essa sugestão de Wyllys pode abrir caminho para discussões mais amplas sobre a renovação de lideranças e a necessidade de adaptabilidade política dentro do PT e da esquerda brasileira, à medida que o país se prepara para mais um ciclo eleitoral decisivo.