Manaus, 4 de novembro de 2024

Em uma megaoperação sem precedentes na história do país, o governo de Nayib Bukele, em El Salvador, transferiu na madrugada desta quarta-feira (12) 2.000 presidiários de uma vez. Os presos foram levados ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), o maior presídio das Américas.

Com capacidade para 40 mil pessoas, o Cecot é o símbolo máximo da política de Bukele de combate ao crime. Desde 2022, Bukele, que se reelegeu no início deste ano, já prendeu mais de 64 mil pessoas, muitas delas sem mandados ou provas, segundo denunciam entidades de direitos humanos do país.

Um vídeo divulgado pelo próprio governo salvadorenho com detalhes da operação desta terça mostrou presos trajando apenas calções brancos e com a cabeça raspada são vistos correndo pela nova prisão até às celas. Muitos têm tatuagens com o nome de gangues.

Os presos foram tirados de três presídios menores — os de Izalco, Ciudad Barrios e San Vicente.

Desde 2022, o El Salvador está em estado de exceção a pedido de Bukele. O status suspende direitos constitucionais de cidadãos e dá à polícia mais poderes para prender pessoas sem um mandado expedido por juízes.

“Nesta madrugada, transferimos mais de 2.000 criminosos. Lá, eles pagarão pelos crimes cometidos contra nosso povo”, disse, em comunicado, o presidente Nayib Bukele.

Foto: Divulgação

Bukele

Ex-publicitário de ascendência palestina, Bukele governa El Salvador com poder quase absoluto e sob estado de exceção, o que lhe gerou críticas de autoritarismo

O analista do centro Diálogo Interamericano, Tamara Taraciuk, disse à agência de notícias AFP que Bukele eliminou “freios e contrapesos essenciais para uma democracia” e é difícil pensar que “vai voltar atrás em suas medidas autoritárias”.

Assíduo nas redes sociais, nas quais ri de quem o chama de “ditador”, o líder salvadorenho tem a seu favor todos os poderes do Estado, incluindo os magistrados, que lhe permitiram buscar a reeleição apesar de ser proibido pela Constituição.