A falta de uma noite de sono repousante pode prejudicar o ânimo e a disposição ao longo do dia. Para aproximadamente 60% das mulheres, a insônia se torna uma ocorrência diária durante o climatério, conhecido como menopausa.
“A nessa fase, é comum que quem não tinha dificuldade para dormir, passe a apresentar, e quem tinha, veja o quadro piorar”, afirma a ginecologista Helena Hachul, do Instituto do Sono.
A insônia surge devido à redução na produção dos hormônios estrogênio e progesterona durante a pré-menopausa e a menopausa, estágios que marcam o fim da idade fértil.
A ginecologista, obstetra e especialista em reposição hormonal Maria Carolina Dalboni, do Rio de Janeiro, explica que a deficiência desses hormônios impacta a produção da melatonina e do cortisol, substâncias intimamente ligadas ao sono.
A dificuldade para adormecer também está relacionada ao surgimento de sintomas vasomotores da menopausa, que afetam a qualidade do sono. Exemplos bem conhecidos incluem ondas de calor (fogachos) e suores noturnos.
“Além do desequilíbrio hormonal, que causa insônia, elas têm sono fragmentado durante a noite e não conseguem voltar a dormir”, afirma Maria Carolina.
A perturbação do sono, combinada com as flutuações hormonais, desencadeia uma série de efeitos adversos. Pode impactar o humor ao longo do dia, prejudicar a concentração em tarefas rotineiras e o julgamento, levando a irritabilidade extrema, ansiedade e depressão.
Como Identificar se a Insônia é devido à Menopausa
Para algumas mulheres, pode ser complicado distinguir se a insônia é resultado da menopausa ou de outros fatores, como estresse cotidiano ou condições clínicas que afetam o sono.
Uma maneira de diferenciar, segundo Helena, é observar se a mulher apresenta outros sintomas característicos do climatério.
Estes sintomas incluem: ondas de calor, irritabilidade, alterações de humor, dificuldade de concentração e alterações físicas, como secura vaginal, perda óssea e mudanças cardiovasculares e de colágeno, ocorrendo a curto, médio e longo prazo.
Algumas mudanças no estilo de vida podem ser úteis para melhorar o sono, como:
- Estabelecer uma rotina relaxante de higiene do sono antes de dormir;
- Lidar com situações estressantes e preocupações através de estratégias como ioga, exercícios e terapia;
- Reduzir o consumo de álcool;
- Evitar a cafeína antes de dormir;
- Abster-se do tabagismo;
- Praticar exercícios físicos regularmente pela manhã para evitar a produção de cortisol à noite;
- Evitar refeições pesadas ou picantes antes de dormir;
- Considerar a reposição hormonal sob orientação médica.
“A reposição de progesterona à noite aumenta a produção do neurotransmissor Gaba para deixar a paciente mais relaxada, sendo um indutor do sono”, explica a ginecologista Maria Carolina.
O tratamento pode ser complementado com o uso de melatonina e outros suplementos contendo substâncias relaxantes, como magnésio, vitamina B6 (piridoxina), chá de mulungu e melissa.