Manaus, 23 de novembro de 2024

Uma vacina brasileira em desenvolvimento contra o vírus Zika (ZIKV) apresentou resultados encorajadores em experimentos realizados com camundongos.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco conduziram os testes e observaram que não houve óbitos entre os animais imunizados, e a carga viral detectada em seus corpos foi significativamente reduzida, sendo indetectável em 42% dos casos.

O imunizante é produzido a partir do DNA do vírus, utilizando uma técnica semelhante àquela empregada nas vacinas de RNA.

Maria Sato, professora da USP envolvida no projeto, explica: “Tradicionalmente, as vacinas são associadas a materiais feitos a partir de vírus atenuados ou inativados. As vacinas de DNA representam uma tecnologia mais avançada. Desenvolvemos quatro formulações de vacina de DNA que codificam partes das proteínas da camada externa do Zika, e selecionamos aquela que demonstrou ser mais eficaz”.

A formulação mais eficaz foi administrada em duas doses nos camundongos. Após o reforço, os animais foram desafiados com o vírus Zika e receberam um tratamento com células de defesa para promover a recuperação.

No grupo controle, 20% dos animais sucumbiram ao vírus Zika. Por outro lado, 100% dos que receberam a vacina sobreviveram. Além disso, os animais não vacinados apresentaram uma significativa perda de peso nas primeiras semanas após a infecção, evidenciando o impacto do vírus em seus organismos.

Os camundongos que sobreviveram sem terem sido imunizados ainda apresentavam presença do vírus no cérebro após três semanas da infecção, enquanto nada disso foi observado nos camundongos imunizados.

Os resultados desses experimentos foram publicados na revista científica Frontiers in Immunology em 31 de janeiro. Os pesquisadores observam que uma limitação potencial é a aparente diminuição dos anticorpos da vacina ao longo do tempo, sugerindo a necessidade de estratégias de reforço para manter a imunidade ideal.