Manaus, 22 de agosto de 2025

Os danos econômicos causados pelas alterações climáticas são seis vezes piores do que se estimava anteriormente. A conclusão é de um estudo do National Bureau of Economic Research (NBER) publicado em maio deste ano.

O trabalho, que ainda a ser revisado por pares, chegou a esse número após estimar que cada aumento de 1°C na temperatura do planeta leva a uma queda de 12% no Produto Interno Bruto (PIB) global. O mundo já aqueceu 1,1°C desde a segunda metade do século 19, antes do salto nas emissões de combustíveis fósseis em decorrência da industrialização.

(Foto/Instagram: Michael Dantas)

Em relatório do ano passado, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) alertou haver mais de 50% de chance de a temperatura global ultrapassar o limite de 1,5 °C até 2040. Muitos cientistas estendem a previsão para 3°C até o final do século.

Esse cenário mais crítico, segundo o estudo, causaria “declínios abruptos na produção, no capital e no consumo que excedem os 50% até 2100”. Ou seja, o mundo perderia metade da prosperidade capaz de gerar até o final do século.

É como estar numa recessão duas vezes maior que a Grande Depressão de 1929, para sempre

afirma Adrien Bilal, coautor do estudo, à Folha.

Segundo ele, o poder de compra atual já seria 37% superior ao que é agora sem o aquecimento global observado nos últimos 50 anos.

Estudos antigos concluíram que um choque térmico de 1°C reduz o PIB em cerca de 1 a 3% no médio prazo. O motivo da discrepância está nas fontes de variação de temperatura.

Publicidade

Enquanto trabalhos anteriores exploram variações ao nível de país, o de agora busca alterações na temperatura média global. Considerando, por exemplo, o impacto ondas de calor, tempestades e inundações em colheitas, na produtividade e investimentos de capital no setor.

Econometricamente, trabalhos anteriores que exploram a temperatura local em um painel eliminam os impactos comuns dos choques térmicos globais via efeitos fixos no tempo. Em vez disso, concentramos nestes impactos comuns

diz o estudo.

Apesar de ser uma perda significativa para todos os países, o economista de Harvard relata que o impacto será maior em regiões quentes.

Região Norte na maior seca histórica – (Foto/Instagram: Michael Dantas)

As áreas mais afetadas serão o sudeste asiático e a África subsaariana. A América Latina seria a representação da média mundial

afirma Harvard.

Este rombo acontecerá mesmo com cortes drásticos das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, aponta o estudo. Caso os objetivos do Acordo de Paris sejam alcançados, mantendo o aumento da temperatura da Terra apenas 1,5°C mais quente que os níveis pré-industriais, o PIB global ainda enfrentará uma queda de cerca de 15%.

O documento também indicou que, para cada 0,5°C de alta nos termômetros ao redor do globo, aumenta a frequência de eventos climáticos extremos, desde secas implacáveis até chuvas torrenciais –como as vividas pelo Rio Grande do Sul.

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.