Manaus, 21 de novembro de 2024

A Federação Amazonense de Futebol (FAF) resgatou, na tarde desta sexta-feira (28/06), as atletas do Holanda EC, que usaram as redes sociais para pedir ajuda. A ação é uma resposta às denúncias de abusos morais e sexuais por parte de um dirigente do clube enviadas à imprensa esportiva na última quinta-feira, (27/06). As jogadoras alegam também atraso de salário, falta de alimentação e segurança.

Ao tomar ciência do caso, o presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Ednailson Rozenha, comprometido com o fomento e o apoio ao futebol feminino, determinou à diretoria da instituição que fosse resgatar imediatamente as atletas e as colocassem em um ambiente seguro. Ele expressou sua indignação com o ocorrido e reafirmou o compromisso da instituição em proteger e apoiar as atletas.

“O que aconteceu com essas atletas é inaceitável e vai contra tudo o que defendemos no esporte. A FAF está comprometida em garantir a segurança e o bem-estar de todas as atletas, e não mediremos esforços para que os responsáveis sejam identificados e punidos. Nosso compromisso é com o desenvolvimento do futebol feminino e também com a proteção dos direitos e da dignidade de cada jogadora. Não toleraremos nenhum tipo de abuso ou assédio, e estamos aqui para apoiar e proteger nossas atletas em qualquer circunstância”, afirmou.

No total, cinco atletas foram resgatadas juntamente com o treinador. As jovens estavam abaladas e em estado de choque. Elas foram amparadas pelos diretores da entidade, levadas a um hotel, alimentas e já foram ouvidas pelo jurídico da FAF. A instituição garantiu que tomará todas as medidas necessárias para apurar os fatos e punir os responsáveis, tanto esportivamente quando criminalmente. A meio-campista Ana Beatriz expressou sua gratidão pelo apoio recebido.

“Queremos agradecer à Federação Amazonense por estar nos abraçando, nos dando todo apoio e suporte que a gente necessita. Agora estamos mais calmas, pois estamos em segurança. Queremos que isso não se repita, que todas não se calem, assédio no esporte é crime, vocês precisam denunciar. Que isso seja um combustível para todas seguirem nesse caminho. O futebol feminino está em constante evolução. Não desistam, o caminho é difícil, é desvalorizado, mas a cada passo a gente alcança os nossos objetivos. E agradecemos mais uma vez pois estamos tendo um suporte maravilhoso da Federação, só temos a agradecer”, declarou.

O treinador do clube, Guaraci Aba dos Santos Ferreira, que atua no futebol feminino a 20 anos, com um projeto em Queimados-RJ, afirma que trouxe as meninas do Rio de Janeiro para a realização de um sonho, a inspiração de gerações futuras, mas não foi isso que aconteceu quando chegou em Manaus. Ele comentou sobre a situação.

“Eu trouxe essas meninas do meu projeto para realizar um sonho, não só delas, mas de outras meninas também, mas chegamos aqui e nos deparamos com essa catástrofe. Mas o futebol feminino está na minha veia e eu sempre vou defendê-lo, nunca vou desistir. Não culpo a instituição, o Holanda não tem nada a ver, os culpados são quem estavam por trás, aqueles que trouxeram a gente. Mas agora estamos em segurança e primeiramente quero agradecer a Deus por pôr a FAF no nosso caminho, que os responsáveis pela gestão sempre honrem esse trabalho lindo, de compromisso com o futebol feminino. Foi uma emoção muito grande quando o presidente Rozenha falou que iria tomar a frente do caso e nos proteger. A emoção tomou conta, só tenho a agradecer”, emocionado, o professor assinalou.

Denúncias

Na noite da última quinta-feira (27), seis atletas denunciaram um diretor do Holanda por assédio e ameaças. As denúncias foram feitas por meio de publicações nas redes sociais e por um boletim de ocorrência registrado contra um dos diretores do clube, acusado de assédio por uma atleta menor de idade.

Nas denúncias, as jogadoras relatam que vieram de outros estados e que as propostas feitas não estão sendo cumpridas por parte do clube. Além disso, as jogadores afirmam que levaram os casos de assédio até a polícia e que isso causou as ameaças por parte do diretor do clube. As atletas também pediram ajuda para ter segurança e poder voltar para suas casas.