Manaus, 3 de dezembro de 2024

Um novo estudo, conduzido por pesquisadores internacionais na área da saúde, propõe estender o intervalo entre as colonoscopias para rastreamento do câncer colorretal de 10 para 15 anos. Publicado recentemente na revista científica JAMA Network Open, o estudo desafia as recomendações atuais, sugerindo que um período mais espaçado entre os exames pode ser igualmente eficaz na detecção precoce do câncer, enquanto reduz a necessidade de procedimentos invasivos desnecessários.

A colonoscopia é um procedimento crucial para a detecção precoce do câncer colorretal, permitindo a visualização detalhada da mucosa intestinal. Atualmente, as diretrizes médicas recomendam repetir o exame a cada 10 anos após um resultado negativo. No entanto, evidências recentes indicam que esse intervalo pode ser prolongado sem comprometer a eficácia do rastreamento.

Em um estudo anterior, realizado em 2023, foi observado que a detecção precoce do câncer colorretal avançado após uma colonoscopia negativa é rara até 10 anos após o exame inicial. Os pesquisadores constataram uma baixa prevalência sustentada de câncer colorretal avançado mesmo após mais de uma década, sugerindo a viabilidade de estender o intervalo entre os exames.

Para investigar essa possibilidade, os pesquisadores examinaram dados de 110.074 adultos suecos sem histórico familiar de câncer colorretal, que receberam resultados negativos em suas primeiras colonoscopias de rastreamento entre 1990 e 2016. Comparando esses resultados com um grupo controle de quase 2 milhões de indivíduos que nunca haviam realizado o exame, os pesquisadores observaram uma redução significativa na incidência e mortalidade por câncer colorretal ao longo de 15 anos para aqueles que receberam resultados negativos na primeira colonoscopia.

Embora os resultados sugiram que estender o intervalo entre as colonoscopias pode ser uma estratégia eficaz para reduzir procedimentos invasivos desnecessários, os autores do estudo reconhecem limitações em sua generalização. A predominância de participantes brancos e suecos levanta questões sobre a representatividade dos resultados para outras populações. No entanto, os achados destacam a necessidade de reavaliar as diretrizes de rastreamento para o câncer colorretal e explorar abordagens mais personalizadas e eficientes. Enquanto isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica mantém sua recomendação de colonoscopia a cada 10 anos para pessoas a partir dos 45 anos, independentemente do histórico familiar ou resultados anteriores.