Manaus, 22 de novembro de 2024

O julgamento dos policiais militares acusados de terem causado a morte de três jovens no bairro Grande Vitória, na Zona Leste de Manaus, no ano de 2016, inicia-se nesta segunda-feira (29/01). A audiência está programada para ocorrer no Fórum Henoch Reis, situado na Zona Centro-Sul da capital.

O julgamento desse caso, que teve uma ampla repercussão na época do ocorrido, estava originalmente marcado para novembro do ano passado, porém, foi adiado a pedido do Ministério Público do Amazonas (MPAM) e da defesa de um dos réus, que na ocasião estava sob suspeita de meningite.

Nesta ocasião, a defesa de dois dos 10 réus solicitou a redesignação da data do julgamento, alegando que os peritos do caso não forneceram as informações solicitadas pelos advogados.

O Ministério Público também destacou que os laudos complementares elaborados pelos profissionais não foram incluídos no processo, e não havia evidência de que esses laudos sequer haviam sido produzidos.

Contudo, a juíza Patrícia Campos, presidente da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus, não acatou os pedidos das partes. Ela afirmou que se as perícias eram tão cruciais para ambas as partes, deveriam ter sido solicitadas anteriormente e não às vésperas do julgamento.

“Os autos tramitam desde 2016, mas somente neste momento, em 2024, passadas inúmeras etapas procedimentais, o Ministério Público e as defesas entendem pela enorme relevância dos laudos complementares”, ressaltou a magistrada.

Em uma decisão proferida na última sexta-feira (26), a juíza confirmou a manutenção do julgamento para esta segunda-feira e orientou as partes insatisfeitas a ingressarem com o recurso cabível, caso discordem da decisão.

‘Caso Grande Vitória’

Os jovens, Alex Júlio Roque de Melo, de 25 anos, Ewerton Marinho, 20, e Rita de Cássia, 19, desapareceram no dia 29 de outubro de 2016, após serem abordados por policiais militares no Grande Vitória, enquanto voltavam de uma festa.

Imagens de câmeras de vigilância da área registraram o momento que os policiais mandaram o trio entrar no carro da PM. Desde então, os jovens nunca mais foram vistos.

À época, o g1 ouviu a cunhada de Rita, que não quis se identificar. Ela contou que a jovem voltava de um pagode no São José de carona com os dois rapazes desaparecidos.

Weverton pilotava a moto quando houve a abordagem. Segundo a esposa dele, Andresa Andrade, de 19 anos, o marido estava desempregado há pouco tempo. Ele trabalhava como frentista e comprou o veículo com o FGTS. “De vez em quando, fazia corridas, e deu carona para os dois”, relatou a esposa.

No dia do desaparecimento, moradores do bairro fizeram grande manifestação e entraram em confronto com a polícia. Eles chegaram a atear fogo em madeiras e incendiaram um veículo. A PM teve que conter os manifestantes com balas de borracha.

Em dezembro de 2016, a Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito e após encontrar material genético das vítimas apontou que o trio foi morto, e confirmou o envolvimento dos policiais no caso.

Sete anos após o crime, os corpos das vítimas não foram encontrados.