A confirmação da prisão de Ayla Gabrielly de Sousa Oliveira, de 19 anos, causou surpresa e preocupação entre familiares e autoridades brasileiras nesta terça-feira (2/9). A jovem, natural de Manaus (AM), estava desaparecida desde o fim de julho e foi localizada no Japão, onde se encontra detida sob acusação de envolvimento com o tráfico internacional de drogas.
Segundo informações da Embaixada do Brasil em Tóquio, Ayla foi presa no Aeroporto Internacional de Osaka, onde foi flagrada pelas autoridades locais portando entorpecentes. A descoberta ocorreu poucos dias após o registro de seu desaparecimento no Amazonas, quando a família acreditava que ela poderia ter sido vítima de roubo ou sequestro.
Da saída de Manaus à prisão em Osaka
A jovem deixou Manaus em 28 de julho, informando à família que viajaria a São Paulo em busca de emprego. No entanto, após sua partida, os parentes perderam totalmente o contato com ela. Preocupados com o sumiço repentino, registraram um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil.
As primeiras pistas do paradeiro de Ayla surgiram após o rastreamento de seu celular, que apontou localização em território japonês. Inicialmente, a família suspeitou que o aparelho pudesse estar nas mãos de outra pessoa, mas a confirmação da prisão revelou um cenário inesperado.
Investigação aponta possível aliciamento
Autoridades brasileiras e japonesas trabalham com a hipótese de que Ayla possa ter sido aliciada por quadrilhas especializadas no recrutamento de jovens brasileiras para atuarem como “mulas do tráfico”. Essas organizações prometem vantagens financeiras e viagens internacionais, mas expõem os aliciados a graves riscos legais, especialmente em países com leis rigorosas sobre drogas, como o Japão.
A família ainda busca entender como a jovem conseguiu deixar o país com destino ao Japão sem levantar suspeitas e o que a levou a participar do transporte ilegal de drogas.
Acompanhamento consular e processo jurídico
Tanto a Embaixada do Brasil em Tóquio quanto o consulado em Nagoya acompanham o caso de perto, prestando apoio à família de Ayla e monitorando os desdobramentos legais. Até o julgamento, a jovem seguirá sob custódia das autoridades japonesas.
O Japão é conhecido por sua legislação extremamente rígida contra crimes relacionados a drogas. Estrangeiros condenados por tráfico podem enfrentar sentenças superiores a 30 anos de prisão, com poucas possibilidades de redução ou progressão de pena.
Família pede investigação e transparência
Enquanto Ayla enfrenta o processo judicial no exterior, seus familiares no Brasil cobram respostas. Eles pedem uma investigação aprofundada sobre o possível aliciamento da jovem e exigem transparência das autoridades brasileiras sobre como ela conseguiu embarcar rumo ao Japão sem declarar os verdadeiros motivos da viagem.
O caso reforça o alerta sobre o aumento de casos de aliciamento de jovens brasileiras por redes criminosas internacionais. Especialistas alertam que mulheres jovens, em situação de vulnerabilidade e em busca de melhores condições financeiras, são o principal alvo dessas organizações que atuam no tráfico internacional de drogas.