A Federação Amazonense de Futebol (FAF) realizou, na tarde desta quarta-feira (20/08), em sua sede, uma reunião com dirigentes de clubes filiados, além de representantes de escolas e projetos sociais que disputam as categorias Sub08, Sub10 e Sub12 do Campeonato Amazonense. O encontro teve como objetivo discutir a suspensão das competições e avaliar, em conjunto, quais medidas serão necessárias para garantir a continuidade ou o encerramento definitivo dos campeonatos.
Em 2023, a FAF foi a única federação do país a realizar competições Sub08 e, nesta temporada, segue entre as poucas a manter a categoria em atividade. Entretanto, episódios de violência e desrespeito nas arquibancadas, com xingamentos, ameaças e agressões verbais que atingiram árbitros, dirigentes, familiares e até crianças em campo, levaram a entidade a adotar medidas para preservar os pequenos atletas.
Para a FAF, a ação tem caráter pedagógico e busca proteger os direitos e a integridade física e emocional dos pequenos atletas. O presidente da FAF, Ednailson Rozenha, destacou que o momento é de cautela e diálogo e que a prioridade da entidade é assegurar que o futebol de base seja um espaço educativo.
“Somos a Federação das mulheres, dos idosos, caboclos e também das crianças e temos orgulho de ser uma das poucas no Brasil a realizar competições Sub08. Acreditamos no poder transformador do futebol, desde as categorias iniciais, mas da forma como está não pode continuar. Antes que aconteça algo mais grave, precisamos agir. A suspensão foi necessária, agora ouvimos os clubes para decidir, juntos o caminho a seguir e garantir que nossos campeonatos de base aconteçam em um ambiente de respeito e segurança”, afirmou.
Após a reunião, ficou definido que cada clube, escola e projeto participante deve assinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que formaliza a responsabilidade pelo comportamento de suas torcidas e familiares nas arquibancadas, posteriormente reunir com os pais e responsáveis afim de conscientiza-los. As categorias Sub08, Sub10 e Sub12 permanecem suspensas, somente a partir desse documento e ação, a FAF decidirá sobre a retomada ou o encerramento definitivo das categorias, sempre com prioridade absoluta à proteção das crianças.
Durante o encontro, os dirigentes reforçaram a importância de proteger o caráter educativo das categorias iniciais. Darlan, representante do Inter Academy, destacou que a decisão não impacta apenas clubes e escolinhas, mas também trabalhadores que dependem da movimentação nos estádios e, principalmente, as próprias crianças.
“Essas competições não são importantes apenas para os clubes que possuem escolinhas, mas também para todos que dependem desse movimento. Nos estádios existem vendedores, trabalhadores que tiram dali o sustento, mas, acima de tudo, existem as crianças. Elas são a razão principal de tudo isso. Essa reunião com os pais não pode ser um ato isolado, precisa acontecer de forma contínua, dentro das escolinhas e dos clubes. Eu já costumo realizar esse diálogo, mas, a partir de agora, vou intensificar ainda mais, com o pedido da federação e porque sei da necessidade desse compromisso. Me coloco à disposição para contribuir nesse processo”, disse.
Jorge Barreto, representante dos Guerreirinhos também ressaltou sobre a necessidade de mudança na categoria: “Essa categoria é muito importante para o futuro do nosso futebol e para a formação das crianças. Sabemos que precisa ser avaliada com cuidado, mas eu sou um dos que assume aqui o compromisso de levar essa conversa para os pais do nosso projeto. Todos precisam entender que a base não pode ser um espaço de violência, e sim de aprendizado e de incentivo. Vamos trabalhar para que todos colaborem e respeitem, porque só assim o futebol das crianças vai continuar acontecendo”, destacou.
Com essa medida, a Federação reafirma seu compromisso com a essência educativa do futebol de base e reforça que o futuro das competições depende do engajamento coletivo e do respeito de todos os envolvidos.