Nesta quinta-feira, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou para a iminência de um desastre global devido à mudança climática, instando os governos a assumirem novos compromissos até o final deste ano.
Guterres fez essas declarações durante a abertura da 12ª edição do Diálogo Climático Petersberg, um fórum que reúne líderes mundiais, ministros e altos funcionários governamentais para discutir questões climáticas.
Evento
Este ano, o encontro é organizado pela Alemanha em parceria com o Reino Unido, que acolhe a Conferência Climática da ONU, COP-26, em Glasgow em novembro.
O secretário-geral destacou o compromisso alemão de alcançar a neutralidade de carbono em 2045
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também estiveram no primeiro dia.
O secretário-geral destacou o compromisso alemão de alcançar a neutralidade de carbono em 2045 e cortar suas emissões em 65% até 2030, em comparação com os níveis de 1990.
Riscos
Para Guterres, o ano passado “foi mais um período sem precedentes de climas extremos e desastres climáticos.”
As concentrações de dióxido de carbono aumentaram novamente para um novo máximo, 148% acima dos níveis pré-industriais. Este é o nível mais alto em 3 milhões de anos, quando a temperatura da Terra era até 3 graus mais quente e o nível do mar cerca de 15 metros mais alto.
O ano passado já estava 1,2 grau Celsius mais quente do que os tempos pré-industriais, perto do limite de 1,5 grau estabelecido pela comunidade científica. De acordo com os compromissos atuais, o mundo caminha para um aumento de 2,4º C até o final do século.
O chefe da ONU afirmou, no entanto, que trabalhando em conjunto o mundo pode “evitar os piores impactos da perturbação climática e usar a recuperação da pandemia de Covid-19 para orientar um caminho mais limpo e mais verde.”
Mitigação
Para enfrentar as mudanças climáticas, Guterres disse que é preciso um equilíbrio entre mitigação e adaptação.
Sobre mitigação, ele destacou “sinais encorajadores” de algumas economias importantes. Nesse momento, os países que representam 73% das emissões comprometeram-se com emissões líquidas zero até 2050.
Até 2030, é necessário cortar as emissões globais em 45% em comparação com os níveis de 2010, para chegar a emissões líquidas zero até 2050.
Para Guterres, uma das principais prioridades deve ser acabar com o uso do carvão até 2030 nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Ocde, e até 2040 em todo o mundo.
Transição
O secretário-geral disse ainda que a mudança para energia renovável “deve ser uma transição justa, envolvendo governos locais, sindicatos e o setor privado para apoiar as comunidades afetadas e gerar empregos verdes.”
Guterres também destacou os perigos de combustíveis fósseis, dizendo que “nem são econômicos”, porque “são agora mais caros do que os renováveis.”
Para ele, “é hora de colocar um preço no carbono e transferir os impostos sob a renda para o carbono.”
Adaptação
O chefe da ONU continua preocupado com a falta de progresso na adaptação. Ele diz que pessoas já estão morrendo, fazendas estão falhando e milhões enfrentam deslocamento.
Com baixos orçamentos, dívidas elevadas e impactos climáticos crescentes, os países em desenvolvimento precisam de mais fundos. No entanto, o financiamento da adaptação para essas nações representa apenas 21% do total, cerca de US$ 16,8 bilhões.
Nesse momento, os custos de adaptação anuais no mundo em desenvolvimento são estimados em US$ 70 bilhões de dólares. Até 2030, podem aumentar para US$ 300 bilhões.
Banco Mundial/Jutta Benzenberg
Guterres disse que é preciso aumentar os esforços de financiamento do clima e cumprir os compromissos já realizados
Guterres reiterou seu apelo aos doadores e bancos multilaterais de desenvolvimento para garantir que pelo menos 50% do financiamento climático seja para adaptação e resiliência.
Agenda
O secretário-geral destacou depois a importância da Cop-26, que acontece no final do ano, e a Cúpula do G-7, marcada para junho.
Guterres encorajou todos os ministros a começarem a trabalhar em um “acordo político ambicioso e equilibrado que apoie os países em desenvolvimento.” Segundo
Segundo ele, o mundo tem “uma pequena e estreita janela de oportunidade para fazer a coisa certa.”