Manaus, 22 de outubro de 2024

Uma idosa de 78 anos foi presa na noite de domingo (19) em Cariacica, na Grande Vitória, após chamar um motorista de ônibus de “macaco”. O incidente ocorreu em um ônibus da linha 525, que faz o trajeto entre Vila Velha e Cariacica. A agressão verbal foi registrada em vídeo por um passageiro, onde Alda dos Santos é questionada pelo motorista Deiverson Fernandes, de 34 anos, sobre o insulto. Alda respondeu: “porque você é preto”.

O motorista relatou que os xingamentos começaram quando o ônibus parou no Terminal do Ibes, em Vila Velha, por volta das 20h30. Alda, que estava sentada na frente, acordou assustada e começou a insultá-lo, utilizando termos racistas e ofensivos.

“Ela dizia que minha mãe estava na zona, que eu era um bandido foragido e que conhecia gente da minha laia. Em determinado momento, ela disse que não gostava de preto e me chamou de macaco. O fato dela ser idosa não lhe dá o direito de ofender minha honra. Eu a respeito, assim como ela deve me respeitar no meu ambiente de trabalho”, contou Deiverson.

Durante todo o percurso até Itacibá, em Cariacica, a mulher continuou com as ofensas. Ao chegar ao destino, outros passageiros impediram Alda de descer do ônibus, e todos seguiram para a Delegacia Regional de Cariacica para registrar a ocorrência. Segundo Deiverson, alguns passageiros queriam agredi-la, mas ele pediu que mantivessem a calma.

Alda foi presa e levada ao presídio na manhã de segunda-feira (20). No Departamento Médico Legal (DML), ela repetiu frases racistas, dizendo: “Eu não gosto, problema meu. Lugar de macaco é na jaula”.

Deiverson, que trabalha como motorista há seis anos e também é estudante, disse que nunca tinha sido vítima de racismo dessa forma antes. “Espero uma sociedade melhor. Estamos na correria do dia a dia, trabalho para dar uma vida melhor para minha família e um futuro melhor para minha filha, para não sofrer o que estou sofrendo hoje”, desabafou.

A Polícia Civil informou que Alda foi autuada em flagrante por injúria racial e encaminhada ao sistema prisional. Ela foi liberada em audiência de custódia ainda na tarde de segunda-feira, sem pagamento de fiança. A decisão judicial proíbe a passageira de ter qualquer contato com o motorista e impõe uma distância mínima de 500 metros entre eles, além de proibir sua saída da Grande Vitória sem autorização judicial.

O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBUS) repudiou qualquer forma de discriminação e preconceito racial e expressou solidariedade ao motorista envolvido no incidente.