Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram os primeiros casos de infecção pelo vírus mayaro em Roraima, segundo um estudo publicado na revista Emerging Infectious Diseases, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Os casos levantam preocupações sobre a possível disseminação do vírus para áreas urbanas, visto que os sintomas da doença são semelhantes aos da chikungunya, e os contágios urbanos têm aumentado.
Durante o período de 2018 a 2021, os pesquisadores coletaram 822 amostras de pacientes com sintomas febris em Roraima, todos com resultados negativos para dengue. Destas, 3,4% foram identificadas como casos de mayaro, totalizando 28 indivíduos infectados. O fato de muitos pacientes não relatarem atividades em áreas de mata sugere uma possível circulação do vírus nas áreas urbanas de Roraima, alerta a pesquisadora Julia Forato, líder do estudo.
O vírus mayaro, transmitido principalmente pelo mosquito Haemagogus janthinomys, é uma arbovirose com sintomas semelhantes aos da chikungunya. A possibilidade de o Aedes aegypti, vetor da chikungunya, também transmitir o mayaro é motivo de grande preocupação, pois poderia resultar em uma nova epidemia.
Apesar de casos isolados do vírus já terem sido registrados no Acre, Amazonas e Pará, a detecção em Roraima, especialmente em áreas urbanas, é alarmante. O Brasil enfrentou surtos anteriores de mayaro, com destaque para um surto em 1955 em Belém (PA) e outro em 2011 em Manaus (AM). A diminuição das áreas silvestres aumenta o risco de contágio humano, uma vez que os mosquitos buscam alimento em áreas urbanas.
Além do mayaro, o estudo da Unicamp revela que 60% dos pacientes não tiveram nenhum vírus identificado, indicando um possível aumento de doenças desconhecidas na região. O monitoramento contínuo é essencial para entender e controlar a propagação dessas doenças emergentes.