Manaus enfrenta uma grave crise ambiental causada por uma densa nuvem de fumaça, que há pelo menos cinco dias, cobre a cidade. A origem dessa poluição atmosférica está nas queimadas que ocorrem no sul do estado do Amazonas, conforme informações da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). A Defesa Civil emitiu alertas à população sobre os focos de incêndio florestal, que, junto à chegada de uma frente fria na região, intensificaram a propagação da fumaça para a capital e outras localidades próximas.
Nos últimos dias, vídeos e imagens que circulam nas redes sociais revelam a extensão do problema. A fumaça é visível em praticamente toda Manaus, onde a qualidade do ar tem sido classificada como “ruim” e “muito ruim”, de acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva). Este cenário tem gerado preocupações quanto à saúde da população, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.
O problema, no entanto, não se limita à capital. Outros municípios do Amazonas, como Apuí, Lábrea e Novo Aripuanã, localizados no sul do estado, na região conhecida como ‘arco do fogo’, também estão sendo severamente afetados. Ao todo, 22 dos 62 municípios do estado enfrentam situações semelhantes, com a fumaça das queimadas comprometendo a qualidade do ar e tornando o ambiente insalubre para os moradores.
A situação tem gerado inúmeros relatos de moradores nas redes sociais, que compartilham suas dificuldades para respirar e até para enxergar o que está a poucos metros de distância. O desconforto causado pela fumaça é evidente, com muitos se queixando da irritação nos olhos e na garganta, sintomas típicos da exposição a altos níveis de poluição.
Diante dessa grave situação, o governo do Amazonas anunciou medidas para tentar conter as queimadas. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) estão coordenando esforços para combater os incêndios florestais, com o Corpo de Bombeiros atuando na linha de frente. A administração estadual também reforçou que, por um período de 180 dias, está proibida a prática de fogo em qualquer circunstância, seja com ou sem o uso de técnicas de queima controlada.
Entretanto, o combate às queimadas é um desafio complexo, que requer não apenas ações emergenciais, mas também políticas públicas de longo prazo voltadas para a prevenção e o monitoramento das áreas de risco. A região sul do Amazonas, onde se concentram os focos de incêndio, é conhecida pela sua vulnerabilidade a práticas ilegais de desmatamento e queimadas, que se intensificam durante a estação seca.
As autoridades ambientais alertam que, além dos danos imediatos à saúde pública, as queimadas contribuem significativamente para a degradação do ecossistema amazônico, com impactos diretos sobre a fauna e a flora da região. A destruição da cobertura vegetal também tem consequências a longo prazo para o clima, com a redução da capacidade da floresta de absorver carbono e regular o ciclo hidrológico.
Enquanto isso, a população de Manaus e dos municípios afetados segue apreensiva, aguardando por soluções que possam minimizar os efeitos dessa crise ambiental.