O Brasil tem se destacado nos últimos anos como o segundo país do mundo que mais busca informações sobre ansiedade na internet, ficando atrás apenas da Ucrânia, de acordo com dados do Google Trends. Essa tendência de busca reflete a crescente preocupação dos brasileiros com sua saúde mental, especialmente após os desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19.
Os números do Google Trends revelam que o interesse pelo tema da ansiedade atingiu seu pico em março de 2023, registrando o maior volume de buscas desde que a série histórica começou em 2004. Enquanto globalmente as pesquisas sobre ansiedade aumentaram cerca de 70% nos últimos cinco anos, no Brasil, esse crescimento foi ainda mais significativo, superando os 150% na mesma base de comparação.
Especialistas atribuem esse aumento no interesse pela ansiedade à pandemia, que trouxe consigo crises econômicas, isolamento social, medo de contaminação e a perda de entes queridos. Mesmo com o retorno à normalidade pós-pandemia, as preocupações persistiram, criando um ambiente psicológico marcado pelo medo e pela insegurança.
Mana Mendonça, psicóloga da plataforma de gestão de saúde corporativa “orienteme,” observa que a volta ao trabalho presencial também desempenhou um papel importante no aumento dos casos de ansiedade. O regime híbrido, que exigia a presença física duas ou três vezes por semana, desencadeou crises de ansiedade para muitos.
Diante desse cenário, muitas pessoas têm buscado respostas sobre como controlar a ansiedade. As dicas dos especialistas incluem uma boa alimentação, momentos de desconexão ao ar livre, práticas de meditação e respiração, identificação dos gatilhos individuais e, crucialmente, buscar ajuda profissional por meio de terapias com psicólogos.
Além da ansiedade, outro termo em alta nas buscas é “burnout.” Trata-se de um distúrbio relacionado ao trabalho em que os profissionais se sentem esgotados, tanto física quanto emocionalmente, geralmente devido a condições de trabalho desgastantes, excesso de carga horária e metas inatingíveis.
Os dados indicam que 2023, até junho, é o ano de pico de interesse por “burnout” desde o início da série histórica do Google. Ana Carolina Peuker, da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), sugere que esse aumento pode ser reflexo das pressões nos ambientes de trabalho, como competitividade, demandas elevadas e assédio, que muitas vezes desequilibram a vida profissional e pessoal.
É importante notar que a ansiedade e o burnout estão interligados. A ansiedade pode tornar uma pessoa mais vulnerável ao estresse no trabalho, e o burnout pode aumentar os níveis de ansiedade, criando um ciclo prejudicial.
Para aqueles que buscam ajuda, existe o “Mapa da Saúde Mental,” é um site do Instituto Vita Alere que mapeia serviços públicos de saúde mental em todo o país, além de oferecer informações sobre serviços de acolhimento, atendimento gratuito e ações voluntárias realizadas por ONGs e instituições filantrópicas. O site também disponibiliza cartilhas com orientações em saúde mental, proporcionando um recurso valioso para quem precisa de apoio.