Manaus, 3 de dezembro de 2024

Como estratégia para reforçar a capacitação de profissionais no diagnóstico precoce de casos de hanseníase, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou, nesta segunda-feira, 12/6, no Complexo de Saúde Oeste, bairro da Paz, a terceira turma do “Curso Básico em Hanseníase para Atenção Primária”.

A primeira etapa de oferta do curso foi realizada no mês de abril, em duas turmas, com a capacitação de 46 profissionais. A nova turma, que segue até sexta-feira, 16/6, tem como público-alvo 25 profissionais, entre médicos e enfermeiros, com uma carga horária de 20 horas.

A técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Eunice Jacome, explica que a meta é capacitar cem profissionais no primeiro semestre de 2023 para o manejo na avaliação clínica do paciente e diagnóstico da hanseníase.

“O diagnóstico da hanseníase é eminentemente clínico. Por isso, é necessário trabalhar com o diagnóstico diferencial em relação a outras doenças, saber como examinar e como descartar outras doenças. O curso é uma estratégia para reforçar a qualificação dos profissionais em todo esse processo”, informou Eunice Jacome.

A programação do curso inclui os temas: Panorama epidemiológico da hanseníase; Conceito, Transmissão, Classificação Clínica e Operacional; Tratamento; Diagnósticos das reações hansênicas; Diagnóstico Diferencial; Discussão de Casos Clínicos; Exame físico na hanseníase; Teste de sensibilidade (térmica, tátil e dolorosa); Investigação de contatos domiciliares e sociais do paciente para detecção de casos suspeitos; Sistemas de Informação; Fluxo e rotinas do Programa de Controle da Hanseníase; Avaliação da função neural, grau de incapacidade e Escore OMP (face, mãos e pés).

“O principal problema hoje ainda é diagnóstico tardio, ocorrendo quando a pessoa já apresenta sequelas que são difíceis de reverter. O desafio é garantir a identificação precoce dos casos e, para isso, os profissionais de saúde devem estar preparados ao máximo para suspeitar dos sintomas iniciais e realizar os exames necessários, como teste de sensibilidade, palpação dos nervos e avaliação neurológica”, explicou Eunice Jacome.

Em 2023, Manaus registrou 49 casos novos de hanseníase. Desse total, 19,15% dos pacientes já apresentavam Grau II de incapacidade física na avaliação do diagnóstico.

Uma das palestrantes do curso, a médica dermatologista do Núcleo de Controle de Hanseníase da Semsa, Rosa Batista Corrêa, alertou que a hanseníase é uma doença que inicialmente pode apresentar alterações neurológicas, antes mesmo das manchas na pele, o que muitas vezes resulta na maior demora em suspeitar da doença.

Mesmo com sintomas dermatológicos, explicou Rosa Corrêa, a hanseníase pode ser confundida com outras doenças de pele. No caso de sintomas neurológicos, muitas vezes também pode ser confundida com outras alterações neurológicas, reumatológicas ou ortopédicas.

“O paciente acaba procurando outros atendimentos e fica fazendo tratamento por anos para outros agravos, até que surgem as sequelas características da hanseníase e somente nesse momento começa a suspeita para a doença. Por isso é tão importante sensibilizar o profissional de saúde e a população para maior atenção aos sinais e sintomas iniciais da doença”, alertou a médica.

Os sintomas neurológicos iniciais da hanseníase são: dormência, formigamento, sensação de choque elétrico, sensação de queimação na pele e câimbras. Os sintomas dermatológicos incluem as manchas (brancas, avermelhadas ou amarronzadas), áreas dormentes da pele com diminuição de pelos ou de suor.

Participando do curso, a enfermeira Ana Helena Nacif das Neves, que trabalha na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) – Sul 01, no bairro Flores (zona Sul), informou que a equipe de saúde acompanha, atualmente, um paciente com hanseníase e que a busca ativa de casos suspeitos da doença acontece na rotina de atendimento.

“Em cada consulta é feita uma avaliação básica, questionando o paciente sobre as manchas na pele ou outros sintomas da doença. Se houver mancha no corpo, é feita a avaliação e, em caso de suspeita, são feitos os testes para o diagnóstico. O paciente tem todo o acompanhamento com médico e enfermeiro para o tratamento, e recebe os medicamentos. Com o curso, acredito que vai ser importante principalmente para a avaliação do paciente com suspeita de hanseníase. A equipe está sempre disposta e procuramos a equipe do Distrito de Saúde Sul quando temos alguma dúvida, mas é sempre bom aprender e aprofundar o conhecimento. Tenho certeza que, durante o curso, vou aprender coisas que ainda não vivenciei no trabalho”, afirmou Ana Helena.

A próxima turma do Curso Básico em Hanseníase para Atenção Primária está programada para o período de 19 a 23 de junho, das 13h às 17h, no Complexo de Saúde Oeste.

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Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa

Fotos – Divulgação/Semsa