A seca extrema que atinge a Amazônia está causando níveis historicamente baixos nos principais rios da região, conforme o 37º Boletim de Alerta Hidrológico, publicado na sexta-feira (13). O relatório indica que os níveis dos rios estão abaixo da média histórica e não há previsões de recuperação a curto prazo.
Em Manaus, o rio Negro registrou um nível de 16,75 metros, 3,7 metros abaixo do normal, e está diminuindo a uma taxa de 24 cm por dia. Andre Martinelli, gerente de Hidrologia da Superintendência Regional de Manaus do Serviço Geológico do Brasil (SGB), declarou que “não há projeções de melhoria a curto prazo”.
A meteorologista Andrea Ramos, da Climatempo, explicou que a situação é agravada pela falta de chuvas. “Estamos vivendo um período de estiagem, normalmente ligado à diminuição de chuvas, mas que nesse ano houve ainda menos chuvas”, disse ao UOL. Ela destacou que tanto o período chuvoso quanto o menos chuvoso apresentaram precipitações abaixo do esperado.
Na última semana, o rio Solimões em Tabatinga, no Amazonas, alcançou -1,79 metros, o nível mais baixo desde 1983, enquanto o rio Madeira em Porto Velho, Rondônia, caiu para 41 cm, a menor marca desde 1967. O rio Acre em Rio Branco (AC) atingiu 1,28 metros, a segunda menor cota registrada, e o rio Xingu em São Félix do Xingu chegou a 3,37 metros, entre os menores níveis desde 1977.
A situação tem impacto direto nas comunidades e atividades locais. Em Rio Branco, a qualidade do ar deteriorou devido às queimadas, resultando na suspensão de aulas e cancelamento de eventos. Em Porto Velho, a redução histórica do nível do rio Madeira levou ao cancelamento de voos e a um decreto recomendando a redução de atividades ao ar livre.
Além dos pontos críticos, outros rios na Bacia do Amazonas enfrentam condições de “seca extrema” e “seca”, com níveis preocupantes em locais como Ji-Paraná, Rondônia, e diversos pontos ao longo do rio Solimões. O SGB continua monitorando a situação, que permanece grave em toda a região.