O governo da Venezuela decretou um estado de exceção que concede poderes especiais ao presidente Nicolás Maduro para atuar em questões de defesa e segurança, caso os Estados Unidos realizem algum tipo de agressão, informou nesta segunda-feira (29) a vice-presidenta Delcy Rodríguez.
A medida ocorre em meio à mobilização de navios de guerra e tropas americanas no Caribe, em uma operação que os EUA alegam ter como objetivo combater o tráfico de drogas. Segundo Rodríguez, o decreto de “comoção externa” permitirá a Maduro defender a Venezuela caso os Estados Unidos “se atreverem a agredir nossa pátria”.
Escalada de tensão entre EUA e Venezuela
As tensões entre o presidente venezuelano e o ex-presidente americano Donald Trump se intensificaram desde que, há um mês, os EUA enviaram oito navios de guerra à região. Trump também acusou Maduro de liderar um cartel de drogas, aumentando as especulações sobre uma possível intervenção militar.
Em 2020, os EUA já haviam acusado formalmente Maduro de narcoterrorismo, e atualmente oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão ou condenação do líder chavista.
Apesar das acusações e ataques, Maduro tem buscado retomar o diálogo com Washington. No início de setembro, ofereceu ajuda aos EUA para capturar líderes do cartel Tren de Aragua, grupo criminoso que atua em vários países das Américas. Em carta enviada a Trump, Maduro rejeitou alegações de que a Venezuela seria responsável por grande parte do tráfico de drogas regional, afirmando que apenas 5% das drogas produzidas na Colômbia passam pelo país.
Ataques recentes e reforço militar americano
No dia 16 de setembro, os EUA anunciaram o terceiro ataque contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas na região do Caribe. Trump afirmou que três homens considerados narcoterroristas foram mortos, sem apresentar provas das acusações. O reforço militar americano inclui sete navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35.
Apesar das operações militares, Trump negou interesse em mudança de regime na Venezuela. O governo americano, no entanto, segue dividido: enquanto o secretário de Estado Marco Rubio e o secretário de Defesa Pete Hegseth pressionam por medidas mais duras contra Maduro, outros setores do governo buscam soluções diplomáticas.
A situação mantém a Venezuela em alerta, com o estado de exceção garantindo poderes extraordinários ao presidente Maduro em um cenário de tensão crescente com os Estados Unidos.